"BARRACUDA" ABERTO AO PÚBLICO EM CACILHAS


O antigo NRP Barracuda já está aberto ao público em Cacilhas. Foi um processo demorado mas que chegou a bom porto! Está impecável, vale bem uma visita. 

Um dia destes fui ver o ex-NRP Barracuda a Cacilhas onde finalmente está aberto ao público e está realmente impecável! Já visitei outros "submarinos-museu" no estrangeiro e este está bem melhor que alguns deles! Uma coisa é certa, este foi um projecto muito mas muito demorado mas chegou a "bom porto", parabéns à Marinha Portuguesa e à Câmara Municipal de Almada. Agora falta um corveta, ainda é possível e dava um excelente museu no Tejo em Lisboa!

 

5 de Outubro de 1998 em Lisboa.

O “Barracuda” pertenceu à chamada 4ª Esquadrilha (ver quadro) e entrou oficialmente ao serviço da Marinha Portuguesa em 9 de Outubro de 1968. Construído em França nos estaleiros “Dubiegeon-Normandie” segundo os planos da classe “Daphné” daquele país foi o segundo de quatro destes navios adquiridos por Portugal em 1964 e que constituíram a nossa classe “Albacora”, nome do primeiro submarino entregue, e que também incluiu o “Cachalote” e o “Delfim”. O “Cachalote” foi vendido ao Paquistão em 1975 passando a navegar com o nome de “Ghazi”. Os três submarinos cumpriram durante anos muitas missões quer no espaço marítimo nacional quer no âmbito NATO, em cujos exercícios participaram frequentemente.

 

1998


2002. Um "Albacora" no Tejo, pode ser o "Barracuda" mas também o "Delfim" que ainda navegava nesta data.

Sobre o “Barracuda” escrevia então a Marinha Portuguesa:  «…. a sua actividade incluiu a participação nos exercícios CONTEX, SWORDFISH, TAPON, JMC e colaborações com a organização de treino operacional da Marinha Real Britânica (FOST).

Das diversas missões efectuadas, destaca-se o primeiro afundamento realizado por um submarino português a um navio de superfície, o M/V “Bandim”, que ocorreu em 15 de Dezembro de 1982, por este navio na ocasião constituir um perigo para a navegação.

Destacam-se ainda as missões de salvaguarda do espaço marítimo nacional, a participação em exercícios nacionais e NATO; operação “SHARP-GUARD”, por ocasião do embargo efectuado pelas forças da NATO aos países da ex-Jugoslávia, em acções de representação nacional, quer ainda em missões especiais enquadradas num novo conceito estratégico.

Destaca-se também a operação “Endurance” realizada em 1997, pelo NRP BARRACUDA que permaneceu no mar em exercícios durante 31 dias.”

Mas a idade não perdoa e o “Albacora” foi abatido ao efectivo da Marinha em 2000, o “Delfim” em 2005 e agora em 2010 o “Barracuda”…»

 

Exercício na Costa Atlântica entre Lisboa e Sesimbra.


É de assinalar que tendo em linha de conta o programa de constituição da 5ª Esquadrilha – a que actualmente está ao serviço – o planeamento inicial da Marinha previa a retirada do serviço activo da totalidade dos “Albacora” até 2002! Os sucessivos adiamentos das decisões necessárias à aquisição dos novos submarinos, obrigaram a um esforço adicional em termos de manutenção para prolongar, com segurança, a vida útil ao “Barracuda” que assim se tornou ao que parece o submarino militar com mais anos de serviço em todo o mundo.

A nova classe de submarinos da Marinha Portuguesa está constituída por dois navios, “Tridente” e “Arpão” (tipo U-209/PN) que foram construídos nos estaleiros Howaldtswerke Deutsche Werft (HDW), sendo a primeira vez na nossa história que adquirimos este tipo de equipamento à Alemanha. O primeiro foi lançado à água em 2008 e o segundo em 2009.

O NRP Tridente entra na Barra do Tejo pela primeira vez em 2 de Agosto de 2010

Esperava-se que os “Albacora” tivessem uma última missão a cumprir, de cidadania, mas também turística. À semelhança do que acontece em outros países, havia em Portugal o projecto de preservar dois ou mesmo os três. Viana do Castelo, Cascais e Ponta Delgada foram cidades que manifestaram esse interesse, mas depois…abandonaram os projectos. Infelizmente.

 

2014



Em Julho de 2013 o antigo NRP Barracuda foi rebocado até uma das docas do antigo estaleiro naval Parry & Son, em Cacilhas, concelho de Almada, frente a Lisboa e bem perto da sua antiga base no Alfeite, destinando-se a ser aberto ao público como museu, lado a lado com a Fragata D. Fernando II e Glória.

Na altura da sua colocação naquele local, a Marinha fez o seguinte comunicado público:

(…)

Depois de mais de quarenta anos ao serviço da Marinha Portuguesa e mais de 52 mil horas navegadas, o ex-NRP Barracuda, que fez a última navegação em 2010, vai integrar o núcleo museológico do Museu de Marinha em Cacilhas, ficando aberto ao público juntamente com a Fragata D. Fernando II e Glória.

Esta iniciativa tem como base um protocolo assinado em 19 de dezembro de 2011 entre a Marinha Portuguesa e a Câmara Municipal de Almada.

Desde então, e de modo a tornar possível a entrada em doca e musealização do Barracuda, foram efectuadas diversas ações de desassoreamento do canal de acesso e da antecâmara da doca, a substituição da comporta e a preparação do submarino para a sua carenagem e musealização.

Depois de instalado na zona ribeirinha, junto ao Farol de Cacilhas, o submarino estará equipado como se fosse participar em missões, tendo no entanto sido reestruturado de modo a garantir a abertura a visitas em segurança.

(…)

Em 2019 o submarino já estava pintado mas teimava em manter-se fechado ao público. 



Datas marcantes do ex-NRP Barracuda:

24-Set-1964: Assinatura do contrato de construção dos submarinos da 4ª Esquadrilha

19-Out-1965: Assentamento da quilha

24-Abr-1967: Lançamento à água

04-Mai-1968: Aumentado ao efectivo

07-Mai-1968: Primeira navegação

16-Mai-1968: Primeira Imersão (duração de 1h 30m)

10-Nov-1968 a 13-Nov-1968: Viagem de Lorient para Lisboa

04-Set-1979: Primeiro exercício de rendez-vous em imersão com submarinos Portugueses.

15-Dez-1982: Barracuda larga para efectuar o afundamento do “Bandim”

11-Jun-1997 a 11-Jul-1997: Durante a Operação “Endurance” atingiu-se a autonomia máxima dos Submarinos da Classe Albacora (31 dias no mar).

27-Jan-2010: Última navegação

02-Ago-2010: Passou ao estado de desarmamento (…)

A Câmara Municipal de Almada por seu lado, informava em Agosto de 2013:

(…)

Esta iniciativa tem como base um protocolo assinado em 19 de Dezembro de 2011 entre a Marinha Portuguesa e a Câmara Municipal de Almada (CMA).

No protocolo ficou estabelecido que competiria à CMA a reabilitação e preparação da Doca 1 e da respectiva antecâmara, muralha e cais aí existente, para além da substituição da antiga porta-batel por uma comporta em aço para fecho permanente da doca (fases 1 e 2).

O investimento por parte da CMA, associado a esta operação (1ª e 2ª fases), atingiu os 500.000,00 €.

Construção e abertura de um Polo Museológico. O protocolo subscrito pela CMA e a Marinha prevê, numa 3ª fase, que agora se inicia, o projecto, a construção e a abertura ao público de um edifício que vai servir de antecâmara e apoio à exposição permanente do “Barracuda” e da Fragata D. Fernando II e Glória.

(…).

Em 2019, o antigo NRP Delfim agonizava ali perto, numa das docas da antiga Lisnave, e o antigo Albacora já tinha sido destruído e vendido a peso. 

O antigo NRP Delfim aguardando a "salvação museológica" que nunca chegou. A última possibilidade foi Ponta Delgada mas acabou por não se concretizar. Em 2021 saiu daqui para a sucata.



Dez anos depois, em Cacilhas, as obras estavam em bom andamento, já se tinham aberto no casco as entradas/saídas para os visitantes, mas o antigo Barracuda...continuava fechado.

2023



O processo como se percebe foi difícil e demorado, todos os prazos anunciados foram falhando, mas, mais vale tarde do que nunca e finalmente em 2024 temos o Barracuda aberto ao público! Bem-hajam os que conseguiram concretizar este projecto. 


















Na minha opinião vale a visita, devagar, os detalhes são muitos, as legendas nos locais ajudam a perceber o que se vê neste mundo ainda quase totalmente "analógico".  





























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