O ADEUS AO GRIFO EM 1979

 

Em 05 de Julho de 1979 teve lugar aquela que foi, até então, a maior alteração na heráldica das Tropas Paraquedistas desde a sua fundação e acompanhou gerações de paraquedistas nos anos 80 e 90 do século XX. Um autêntico "adeus ao Grifo"! Passam agora 42 anos sobre a cerimónia que formalizou esta mudança, em Tancos na Base Escola de Tropas Paraquedistas do Corpo de Tropas Paraquedistas da Força Aérea Portuguesa: a entrega da nova simbologia heráldica às unidades do CTP.


Criado por Decreto-Lei do Conselho da Revolução em 5 de Julho de 1975, o Corpo de Tropas Paraquedistas, nascia legalmente neste mesmo dia em que o Regimento de Caçadores Paraquedistas era extinto, passam hoje 46 anos. 

Para a nova organização, com comando em Lisboa e unidades em Tancos, Lisboa e São Jacinto, foi decidido criar nova heráldica – até porque, entretanto, a heráldica da Força Aérea que vinha de 1960 também tinha sido alterada (1978) – e a “figura” que tinha acompanhado os paraquedistas desde 1955, o Grifo, foi substituído nos Guiões Heráldicos das unidades. 




Não se julgue que foi fácil e pacífico, a imagem do Grifo estava bem colada aos paraquedistas. Sendo o tema sempre discutível, as soluções encontradas tinham na maior parte dos casos força e foram aceites, aqui e ali com reparos. 

Na cerimónia de 5 de Julho de 1979 foram entregues pelo Comandante do CTP, Coronel Paraquedista Heitor Almendra, às respetivas unidades, ali presentes com os seus Sargentos Porta-Guiões, os Guiões Heráldicos do CTP, BETP, BOTP 1 e BOTP 2.

O Grifo do BCP e RCP acabou por se manter presente em algum equipamento protocolar que continuou a ser usado no fardamento/armamento em dias de cerimónia e em pouco mais.



A nova simbologia adaptada às regras da Força Aérea – excepto a da BOTP 2 que o ramo nunca aprovou!  foi-se impondo, as gerações foram-se sucedendo, e o Grifo ganhou estatuto de figura histórica. Honrado e respeitado como tal.

A sua força e identidade com os paraquedistas era muito forte e permaneceu sempre no imaginário colectivo dos boinas verdes – e usado na simbologia de várias Associações de Paraquedistas, desde logo na "União Portuguesa de Paraquedistas" e, mais recentemente, na "Associação de Pára-Quedistas da Ordem dos Grifos63".


Ainda no tempo de CTP quando o BP 31 da BETP criou as suas Armas, o Grifo voltou a ser usado numa representação adequada às regras heráldicas da Força Aérea. Quando o Comando do CTP decidiu conceber um modo de homenagear os antigos paraquedistas militares com descendência também a servir nas Tropas Paraquedistas, criou a...Ordem Genealógica dos Grifos e a pequena insígnia foi (e é) nada mais que o Grifo. 



Em 1994 quando a nova heráldica do Exército para as agora designadas Tropas Aerotransportadas foi criada - alteração de vulto como se compreende, mudança de Ramo, novo Regulamento de Heráldica  - o Grifo, embora adaptado às regras heráldicas do Ramo, foi um dos elementos que os aerotransportados sugeriram para os representar! E, lá está hoje nas Armas das unidades do Exército que surgiram com a integração das Tropas Paraquedistas no ramo terrestre.



O CTP e a BRIPARAS

Recorda-se aqui de modo muito breve parte do material de divulgação que o CTP produziu com a nova simbologia o que dá uma ideia da sua organização e da formação do seu pessoal nos anos 80 e início dos 90 do século XX.





Pelas suas características e capacidades o CTP tornou-se desejado e elogiado mas também invejado no panorama militar nacional. Não sendo naturalmente uma organização perfeita, foi sem dúvida das melhores do seu tempo e muito se teria aprendido se a experiência e soluções encontradas tivessem sido olhadas como exemplo a seguir e não como realidades incómodas a alterar.  

Nunca é tarde para aprender e o estudo do passado, sem preconceitos, o respeito pela história e pelas tradições deve ser o caminho.  Infelizmente como é público isso nem sempre acontece no Exército Português, como se tem visto com as absurdas medidas relativas ao uso da boina verde.  


Miguel Silva Machado, 05JUL2021

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