RESPEITO PELOS HERÓIS
Neste momento na República Centro Africana militares
portugueses combatem guerrilheiros que desestabilizam o país e cometem
todo o tipo de atrocidades. Arriscam a vida, matam e podem ser mortos, alguns
já foram feridos. A população em muitas regiões está agradecida aos
portugueses, os que apoiam os guerrilheiros naturalmente não. Estão lá porque o
governo português assim o determinou, a pedido de França e das Nações Unidas.
A RCA é um país em guerra neste século XXI, os actos dos militares portugueses
estão legitimados, têm sido muito elogiados pelas autoridades locais, Nações
Unidas e em Portugal. Esta situação hoje, nada de anormal tem antes pelo
contrário, muitos têm sido condecorados, a própria Assembleia da República em
Setembro de 2018 aprovou um voto de congratulação para com estes militares. Mas
houve quem votasse contra: Partido Comunista Português e Bloco de Esquerda.
Afinal a sociedade portuguesa não está assim tão unida no
apoio aos seus militares em operações como se possa pensar, na “hora da verdade” a ideologia
mostra os seus dentes.
E em relação à nossa história?
Terá D. Afonso Henriques sido
um herói ou um assassino de mouros? E D. Nuno Álvares Pereira ou o Marquês de
Marialva, criminosos que mataram castelhanos e espanhóis? Vasco da Gama e Afonso
de Albuquerque foram exploradores sanguinários de povos asiáticos? Gomes de
Almeida e Mouzinho de Albuquerque, cruéis militares que subjugaram a tiro e à
baioneta povos africanos?
A lista dos que se distinguiram pelas armas ao longo da nossa
história - e no século XX também é bom não esquecer, muitos estão vivos - é naturalmente enorme, de reis, generais e almirantes a soldados, marinheiros
e aviadores.
O soldado de infantaria Aníbal
Milhais quantos alemães matou na 1.ª Guerra Mundial? A companhia de paraquedistas do
capitão Ramos Lousada, os seus alferes, sargentos e soldados em Moçambique quantos
guerrilheiros “neutralizaram” na Guerra do Ultramar?
E quantos portugueses foram mortos? Nas paredes
do Forte do Bom Sucesso em Lisboa mais de 8.000 nomes atestam o preço de sangue
pago pelas famílias portuguesas. Em Luanda, Maputo ou Bissau celebram-se as
independências, honram-se aqueles que nós matamos, são os seus heróis.
É assim a história das Nações, hoje somos países amigos. Quer dos que falam português quer de
Espanha que combatemos durante séculos, de França que nos invadiu e arrasou e
do Reino Unido que quase nos colonizou, somos aliados militares, amigos e parceiros
em várias organizações internacionais.
Os heróis foram-no no seu tempo, à luz da realidade de então,
fosse na vitória de Aljubarrota a 14 de Agosto de 1385 ou na derrota de Goa a
18 de Dezembro de 1961, uns morreram combatendo outros sobreviveram. Todos, os
mortos e os vivos, de todas as raças e credos que faziam Portugal, deram o seu
contributo para o país que hoje temos.
Nesta crise actual os principais heróis não foram os
militares, a linha da frente exigiu outros protagonistas, o pessoal de saúde, e
estiveram à altura!
Noutras ocasiões foram os bombeiros, ou os polícias, todos
devem ser sempre lembrados. Uns não se sobrepõem aos outros só porque “agora” a
realidade nacional exigiu a sua acção.
Todos merecem a nossa admiração e respeito, temos obrigação
de fazer o que for necessário, à luz da realidade actual, para que o nosso generoso povo possa continuar a viver com
paz e segurança.
O Estado não pode permitir nem ser conivente ou neutro com
ataques aos nossos heróis, os de ontem como os de hoje têm que ser respeitados.
Miguel Silva Machado, 18JUN2020
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