BOINAS: TROPAS ESPECIAIS, MANTENHAM A ESPERANÇA!

 

Nos EUA o inicio do uso oficial da boina verde pelas Special Forces é motivo de monumento em Fort Bragg. John Fitzgerald Kennedy, Comandante Supremo das Forças Armadas, voltou a dar a boina verde às US Army Special Forces e os "Green Berets" não o esquecem! 

Paraquedistas, Operações Especiais, Comandos, tenham esperança! Pode ser que um dia, mais perto que longe, haja um Comandante do Exército ou mesmo um Comandante Supremo das Forças Armadas que volte a olhar para vocês e faça justiça!

Há muita gente que desvaloriza o assunto “boinas”, o qual desde Outubro de 2019 começou a assolar o Exército. Já nem falo na sociedade civil nem nos aparelhos partidários que têm assento na Assembleia da República, mas mesmo no Exército. Afinal de contas quem ficou prejudicado, desmotivado, foram "apenas" os militares das unidades de elite, uma minoria no contexto do Ramo terrestre. A Arma de Cavalaria viu a sua pretensão aceite pelo Chefe do Estado-Maior do Exército, José Nunes da Fonseca, e a boina preta manteve as fitas encarnada e amarela para esta Arma; quem usava a boina castanha não se importou com a troca pela preta, ou pelo menos não consta que alguém se tenha manifestado através da cadeia de comando, para que a alteração fosse anulada.

Na Marinha os Fuzileiros continuam a usar a sua boina azul-ferrete nos moldes habituais e na Força Aérea o mesmo com a Polícia Aérea. Agora que tanto se fala em "unidade de comando" e sendo a portaria que determinada este Regulamento de Uniformes do Exército assinada pelo Ministro da Defesa Nacional, custa a perceber como não se manteve procedimento semelhante para casos semelhantes.  

Restam assim os militares que o Exército designa por Tropas Especiais: Paraquedistas, Operações Especiais e Comandos, os quais além de várias tentativas pela cadeia de comando, como mandam as regras – sem sucesso – viram as respetivas Associações colocar o assunto ao CEME, com igual indiferença, talvez mesmo desconsideração. 

Desconheço os passos seguintes que as Associações irão tomar.

Com a aprovação do novo Regulamento de Uniformes do Exército – Portaria n.º 345/2019 de 2 de outubro, do Ministro da Defesa Nacional – as Tropas Especiais viram o uso da boina muito restringido. Já escrevi várias vezes sobre isso aqui neste blog, não vou repisar o já dito, mas apenas alertar para duas situações ridículas que entretanto se verificam e dar um sinal de esperança com um exemplo estrangeiro!

1. No respeitante aos paraquedistas, neste momento mantém-se haver militares a realizar saltos em paraquedas – não só porque querem e são voluntários mas porque o CEME isso determina por fazer parte das suas tarefas – mas por estarem colocados numa unidade a menos de uma centena de metros de outra, não podem usar a boina verde e são obrigados a usar a boina preta, independentemente do tipo de uniforme que usem. Concretizando, o paraquedista colocado no Regimento de Paraquedistas usa boina verde e o colocado no QG da Brigada de Reação Rápida não está autorizado, tem que usar a preta. Encontram-se os dois para saltar no mesmo avião, mas nada feito, as ordens são claras…e cegas.

2. O Regulamento de Uniformes determina que oficiais e sargentos quer os das Tropas Especiais quer os das restantes unidades, com o uniforme n.º 1 não podem usar boina, seja a verde, verde-seco, vermelha ou preta. Segundo o regulamento aprovado pelo ministro e publicado em Diário da República, têm que usar boné. Acontece que o Chefe do Estado-Maior do Exército, por ordens verbais através da cadeia de comando, determinou que os seus militares podem não cumprir o Regulamento, mas dentro de parâmetros por ele definidos, verbalmente, a saber: a ajudante de campo do Presidente da República, oficial de cavalaria tem sido vista com boina preta e uniforme n.º 1; os oficiais e sargentos do Regimento de Paraquedistas, Regimento de Infantaria n.º 10 e Regimento de Infantaria n.º 15 se especializados em paraquedismo podem usar boina verde com o uniforme n.º 1; os oficiais e sargentos do Centro de Tropas Especiais, se especializados em operações especiais podem usar a boina verde-seco com o uniforme n.º 1;  os oficiais e sargentos do Regimento de Comandos se especializados com o curso de comandos podem usar a boina vermelha com o uniforme n.º 1.

Ao rigor no primeiro caso, contradiz-se o segundo com um incumprimento autorizado. Inacreditável mas verdadeiro.

Militares das Special Forces do US Army colocam orgulhosos a sua boina verde com uniforme de cerimónia. 

Esperança no futuro!

Nos EUA, as Forças Especiais no final dos anos de 1950 tentavam sem sucesso junto do Exército autorização para usar oficialmente uma boina verde, uma vez que já a tinham usado mas sem aprovação (entre 1954 e 1956) e tinha sido proibida.

Uma visita do Presidente Kennedy à sua base de Forte Bragg em 2 de Outubro de 1961 viria a alterar tudo. O diálogo sobre a boina do Presidente com o então brigadeiro-general William P. Yarborough comandante da “Escola de Operações Especiais” que lhe referiu que “há muito a desejavam” – e aliás por indicação prévia do Presidente os militares usavam a boina nessa ocasião! – ficou como um marco na história dos boinas verdes. Em 1962, agora oficialmente, Kennedy assina a ordem que oficializa a boina verde das Forças Especiais e que hoje se mantém.

Em 2012 – meio século depois! – os boinas verdes não esqueceram o facto e foi erigido um monumento imortalizando os dois protagonistas desta história, o qual está junto ao “John Fitzgerald Kennedy Special Warfare Museum” em Fort Bragg.

A legenda do monumento diz: “The green beret” is again becoming a symbol of excellence, a badge of courage, a mark of distinction in the fight for freedom (President Kennedy on the Green Berets, April 11, 1962).

Dos nomes dos chefes do Exército que não autorizaram a boina verde, ninguém se lembra.

 

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