“NIVELAR POR BAIXO”…



O Sargento-Mor Pára-quedista Carlos Marcelino com 3 décadas de serviço nas Tropas Pára-quedistas prepara-se para receber um “brevet” especial que publicamente atesta as centenas de saltos que executou. Se a cerimónia fosse agora, estaria com boné de pala na cabeça. Teria para ele o mesmo significado? (foto Alfredo Serrano Sosa)

É com mágoa que escrevo isto, mas o assunto é sério demais para calar!
Por infeliz coincidência no dia em que passam 40 anos que conquistei a boina verde, soube de mais uma medida para desmotivar parte importante das pessoas que servem Portugal nas Forças Armadas.
Os oficiais e sargentos paraquedistas, operações especiais, comandos e de cavalaria, com o Uniforme n.º 1, deixam de poder usar as respectivas boinas e são obrigados a usar o boné - “boné de pala” - que aliás alguns nunca tiveram: os Sargentos Paraquedistas.
Não fiquei completamente surpreendido, não vale a pena desenvolver porquê, mas dói-me mesmo estando “fora”. Como tantos outros, honrar a boina verde e usá-la sempre e com muito orgulho, “foi a minha vida”.
Longe vão os tempos em que o Ministro da Defesa e as Chefias do Exército garantiam a pés juntos, na altura da Transferência das Tropas Pára-quedistas da Força Aérea, que “ninguém seria prejudicado, nada ia mudar, apenas o ramo em que serviriam Portugal”!
No caso da boina verde, a primeira a ser usada nas Forças Armadas Portuguesas, este “privilégio” que agora se retira foi consignado em lei logo na altura da fundação em 1956. Considerou-se motivação significativa!
Agora a Portaria n.º 345/2019 de 2 de Outubro que legaliza esta situação despropositada e vingativa, é do Ministro da Defesa Nacional que certamente assinou de cruz sem saber o que estava no Regulamento de Uniformes de Exército que lhe foi posto na frente pelo actual CEME.
O mesmo Exército que permite, sem nunca ter constado de qualquer regulamento, o uso de distintivos vários, como o de pára-quedista civil, está agora incomodado que os seus oficiais e sargentos usem no Uniforme N.º 1, em cerimónias públicas por exemplo, estes símbolos pelos quais muitos darão a vida se necessário for!
O homem em primeiro lugar, não é? Sempre…ao contrário!
Soluções?
- Aguardar que o Ministro da Defesa “meta ordem na casa”, pouco provável;

- Esperar que um próximo CEME reverta a situação.

Miguel Silva Machado, 08JUL2020


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